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A polêmica de Seattle

outubro 24, 2008

Pearl Jam é seguramente uma das dez maiores bandas da atualidade. A cada turnê o quinteto de Seattle arrasta multidões de fãs aos shows, e quem comparece costuma sair do espetáculo extasiado, mesmo sem ter sido metralhado pela pirotecnia que outras bandas gigantes como U2 e Rolling Stones costumam oferecer. O negócio do Pearl Jam é subir no palco e tocar – sem frescura. Os fãs não reclamam.

Mas já ouvi muitas reclamações sobre o Pearl Jam quando o antigo baterista, Dave Abruzzese, saiu da banda e, depois de algumas experiências com nomes de pouco prestígio, Matt Cameron, ex-Soundgarden, assumiu as baquetas definitivamente. O primeiro disco que ele gravou com a banda foi um ao vivo, o Live On Two Legs, lançado em 1998. Lembro que na época a chiadeira foi total entre os fãs de Abruzzese. Diziam que Matt deixou o som da banda mais quadrado, que o quinteto perdera seu gingado característico dos primeiros discos, gingado que a diferenciava das outras bandas grunge em ascendência.

Também acho que o Pearl Jam não é o mesmo com o Matt: agora acho que está melhor. Eu já me deliciava com a malemolência contagiante que Matt aplicava nos discos do Soundgarden. Pra quem aprecia boas execuções de bateria, o disco Badmotorfinger, terceiro do Soundgarden, de 1991, apresenta um Matt Cameron a todo vapor, em performances intensas e precisas (como é sua característica).

Creio que Matt seja o melhor baterista de rock que eu já ouvi. Seu domínio do instrumento é tal que ele encaixaria em qualquer banda. No Led Zeppelin ou no Rush não faria feio. No mais, sempre achei as execuções do Abruzzese exageradamente poluídas. Ele tem uma mania de usar um pivô no bumbo em horas inapropriadas. Fora que os pratos sofrem nas suas mãos: ele não dá sossego aos ouvidos (experimentem ouvir o acústico pirata da banda e entenderão o que quero dizer com exagero de pratos).

Seguem dois vídeos do Pearl Jam da mesma música: Even Flow. Uma com Abruzesse às baquetas e outra com Matt Cameron. Tirem as conclusões. O detalhe fica por conta da improvável virada de preparação que Matt executa depois do solo. Ele sacaneia com o tempo e quase passa uma rasteira na banda. Mas tudo dá certo no final. Eddie Vedder deve ter sentido um alívio quando teve certeza que entrou no tempo certo.